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RESENHA: "O Poço"

Atualizado: 4 de mai. de 2020


“O Poço” é dirigido por Galder Gaztelu-Urrutia | Foto: Reprodução / YouTube


Por: Lucas Eliel


Nunca tive muito estômago, preciso admitir. Qualquer cena minimamente desagradável me faz ficar verde. Sendo assim, foi bem difícil assistir “O Poço”, recente sucesso de público da Netflix.

O filme de terror e suspense é dirigido por Galder Gaztelu-Urrutia e é repleto de analogias em sua construção.


Com cerca de 1 hora e meia de duração, o longa acompanha a trajetória de Goreng (Ivan Massagué) no temível poço. O lugar tem 333 andares, com duas pessoas em cada um deles e por lá não existe uma área externa, nem luz do sol.


A dinâmica no poço faz tudo girar em torno da comida. Isto porque uma vez ao dia um banquete é servido para os "moradores" do espaço, com os alimentos colocados em uma mesa plataforma que começa no andar 1 e vai descendo. Cada pessoa tem apenas dois minutos para se alimentar e não é possível guardar comida, do contrário o infrator poderá morrer congelado ou queimado.


O poço desafia as pessoas a comerem só o necessário para sobreviver, para assim sobrar comida para todo mundo: a chamada solidariedade espontânea. O que acontece não é difícil de imaginar: quase todo mundo se esbalda na hora de comer e os andares mais baixos ficam sem nada. Desta forma, muitos acabam recorrendo ao canibalismo para sobreviver.


Pessoas não exercem solidariedade espontânea em “O Poço” | Foto: Reprodução / Youtube



A cada um mês, todos os residentes do poço trocam de lugar, ou seja, alguém que em um dia pode estar no topo, no outro pode ficar nos lugares mais inferiores. Tanta dificuldade faz pensar: como alguém gostaria de estar num lugar destes? A resposta depende, pois Goreng decide entrar voluntariamente no poço para tentar se livrar do vício em cigarro, mas outras pessoas, como o seu primeiro companheiro de cela, Trigamagasi (Zorion Eguileor), entram para a espécie de prisão por terem cometido algum crime.


O grande trunfo do filme fica por conta das mensagens subliminares. O banquete significa as riquezas e a distribuição dos andares as classes sociais. Quem está mais para cima no mundo real é quem tem mais dinheiro. Os alocados no meio, por sua vez, são classe média e os que estão mais para baixo são os próximos da situação de miséria.


Talvez estas sejam algumas das analogias mais dedutíveis no filme porque ele é bastante denso e aberto a interpretações — de forma um pouco exagerada —, especialmente na parte final. O longa merece todo o hype que está tendo e quem assisti-lo terá depois nas mãos um doloroso e crítico objeto de estudo, apto a também servir como entretenimento.


Nota: 4/5


Confira o trailer oficial de "O Poço":


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