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RESENHA: “Coisa Mais Linda”


Da esquerda para a direita: Adélia (Pathy Dejesus), Malu (Maria Casadevall), Thereza (Mel Lisboa) e Lígia (Fernanda Vasconcellos) | Foto: Reprodução / Instagram


Por: Lucas Eliel


As ondas do mar chegando à praia. A alegria gerada pela música. A fumaça dos cigarros invadindo todos os espaços. A bebida descendo pela garganta. Estes são alguns dos elementos fundamentais que compõem “Coisa Mais Linda”, série brasileira da Netflix, cuja graciosidade pôde ter sido conferida pelo público a partir do ano passado na primeira temporada, contendo oito episódios. A segunda estreia logo logo, em 19 de junho, com seis capítulos.


A produção se passa inicialmente em 1959 e usa como pano de fundo a criação da bossa nova, termo pelo qual ficou conhecido um movimento de renovação do samba irradiado a partir da zona Sul da cidade do Rio de Janeiro. De imediato “Coisa Mais Linda” apresenta a protagonista Malu (Maria Casadevall). A personagem é paulista e riquíssima, teve de tudo do bom e do melhor a vida toda, mas agora por intermédio do marido decide sair do berço de ouro para conhecer a terra onde habita o Cristo Redentor, para fazer a sua própria trajetória ao lado do companheiro, enquanto o filho por enquanto fica em São Paulo.


Malu, contudo, não contava que o marido iria roubar todo o seu dinheiro e fugiria, revelando que todo o plano de ir para o Rio era um golpe. Desolada e raivosa, Malu joga tudo para o alto e decide ir para uma festa em um iate e lá ela conhece Chico (Leandro Lima), um músico em ascensão na cena carioca. Por meio de seus acordes, a protagonista tem o primeiro contato com a sonoridade da bossa nova, ficando completamente hipnotizada.


No iate também é apresentada uma outra grande personagem da trama, Thereza, interpretada por Mel Lisboa. Jornalista e liberal em costumes, ela é daquelas pessoas que não aceitam levar desaforos para casa, muito menos terem alguém para ditar seus passos.


No primeiro episódio surgem também Lígia (Fernanda Vasconcellos) e Adélia (Pathy Dejesus e embora as duas morem na mesma cidade, vivenciam experiências completamente diferentes. A primeira é branca e melhor amiga de Malu, também de uma família privilegiada. Já a segunda é negra e desde muito cedo teve de batalhar para no final ter o mínimo para viver, em meio a uma sociedade extremamente racista.


Ao longo da série as personagens vão se entrosando e o espectador pode ver que dramas familiares não estão na vida só de Malu. Isso porque Lígia é abusada física e psicologicamente pelo marido, Adélia esconde a verdade sobre quem é o verdadeiro pai da filha e Thereza carrega as cicatrizes causadas por ter perdido um recém nascido.


O grupo é fundamental para que Malu tome a decisão de não voltar para São Paulo e decida por algo na época tido como inusitado para uma mulher: montar um clube de bossa nova. Ela enfrenta grandes percalços até de fato estrear o estabelecimento, desde o preconceito da sociedade até desastres naturais, como quando uma enxurrada danifica grandemente as dependências do prédio.


O ponto forte de “Coisa Mais Linda” definitivamente fica por conta da atuação das atrizes principais, aptas a impactar quem assiste durante momentos tristes e felizes da série. Além disso, feminismo, racismo e violência contra a mulher estão em pauta na trama carregados de muita crítica. E não dá para deixar de falar no brilho nos olhos causados pela lindíssima fotografia, simplesmente lindíssima.


O ponto fraco, por sua vez, é a narrativa da obra, que em diversos momentos opta pelos clichês, com situações resolvidas de forma demasiadamente simplista. A possibilidade de alguém assistir a produção e se perguntar se na verdade está acompanhando um novelão é bem grande.


Mesmo com um ou outro desafino, “Coisa Mais Linda” performa no final das contas uma bela canção, capaz de hoje estar por um tempo no repeat no aplicativo de streaming preferido, mas que naquela época poderia ser tocada toda hora nas rádios e nas mentes daqueles apaixonados pela sensação singular da música.



Nota: 4 / 5


Confira o trailer da primeira temporada de “Coisa Mais Linda”:



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