RESENHA: "Meu nome é Ray"
- Cultura em Quarentena
- 11 de mai. de 2020
- 2 min de leitura

“Meu Nome é Ray” conta história de personagem transgênero | Foto: Reprodução / YouTube
Por: Lucas Eliel
Acho muito interessante a expansão dos filmes com temática LGBTQI+. Cada vez mais nas telas é possível ver longas que tratem dos assuntos envolvendo a parcela do população, desde blockbusters como “Me Chame Pelo Seu Nome”, até obras menos conhecidas como “Quatro Lunas”. Seguindo a linha, “Meu Nome é Ray”, é também uma das opções para conferir uma parte do arco-íris, muitas vezes sem cores, em razão dos diversos dilemas enfrentados por aqueles não tidos como normais perante a sociedade.
Dirigido por Gaby Dellal, o filme de 2015 leva a conhecer a história de Ray (Elle Fanning), de 16 anos, nascido biologicamente com o sexo feminino, mas que desde os quatro anos de idade se identifica como menino. O personagem principal vive com a mãe, Maggie (Naomi Watts), e muito próximo da avó, Dolly (Susan Saranon) e de sua companheira, Frances (Linda Emond).
Com a matriarca sendo lésbica e a mãe esforçada para ser mente aberta, a personagem interpretada por Fanning tem um núcleo familiar mais propenso a aceitação do que muitos outros. Contudo, isto vai até certo ponto, pois Ray sonha em fazer uma cirurgia de redesignação sexual, algo que Dolly desaprova fortemente. Na concepção dela, o neto é homossexual, e não trans. Já Maggie, no fundo reluta com o procedimento, mas não quer deixar transparecer.
O ponto central do filme é se Ray vai ou não poder fazer a redesignação, sendo que, como ainda é menor, os responsáveis precisam assinar os papéis para ele se sentir completo ao fazer a cirurgia. O “pai’ do adolescente, no entanto, esteve presente na vida do garoto só durante os primeiros passos, e não durante a sua jornada. Além disso, ele é contrário à decisão sobre o procedimento médico.
O longa tem no final uma reviravolta desnecessária contendo principalmente as aspas do parágrafo anterior e se perde em diálogos bobos, diversas vezes deslocados da trama. O maior ponto negativo do filme, porém, é a falta de aprofundamento na trajetória de Ray, retratado como alguém prestes a fazer uma grande mudança, sem detalhar o que o levou a fazer isto. Alguns flashbacks nesta parte não fariam nenhum mal.
O destaque positivo, por sua vez, fica por conta da atuação de Fanning. Embora não sejam apresentadas com propriedade as camadas de Ray, a atriz conseguiu trabalhar muito bem com as poucas nuances a sua disposição para interpretar o papel. Destaque para a cena em que o menino tem um grande surto ao pensar que não conseguirá mais fazer a cirurgia.
“Meu Nome é Ray” tem um final bonito, competente em fazer sentido à trama, mas incapaz de fazer esquecer as fraquezas apresentadas ao longo da história. O filme, no final das contas é raso, mas pode ajudar na desconstrução de preconceitos enfrentados pela população transgênera.
Nota: 3 / 5
Confira o trailer de “Meu Nome é Ray”:
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