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RESENHA: "Milagre na Cela 7"

Atualizado: 9 de jun. de 2020


"Milagre na Cela 7 é dirigido por Mehmet Ada Öztekin | Foto: Reprodução / Instagram


Por: Lucas Eliel


O preconceito fala todas as línguas e sabe todos os dialetos. Esta é uma das minhas reflexões depois de ter assistido “Milagre na Cela 7”, uma das novas sensações do catálogo da Netflix. Tocante, o longa, é daqueles filmes que uma hora ou outra vai arrancar lágrimas de quem assiste, mesmo com alguns desajustes de narrativa atrapalhando um pouco a emoção.


Dirigido por Mehmet Ada Öztekin, o drama apresenta a história de Memo (Aras Bulut İynemli), um deficiente mental que vive com a pequena filha, Ova (Nisa Sofiya Aksongur) e a avó, Fatma (Celile Toyon Uysal), em um vilarejo rodeado de um mar capaz de fazer os olhos brilharem. A rotina do protagonista basicamente se resume a cuidar das cabras e dos demais afazeres da pequena casa onde vivem, além de levar e trazer Ova da escola. Em um destes dias, os dois passam por uma loja a qual tem na vitrine uma mochila Heidi, febre entre os pequenos.


O pai não tem dinheiro inicialmente para comprar a mochila e após conseguir a quantia, vai correndo com Ova até o estabelecimento, mas chegando os dois se decepcionam ao verem que a Heidi acaba de ser comprada por um coronel juntamente com sua filha. Determinado, Memo tenta convencer ao militar a deixar a mochila para Ova e acaba levando um soco.


No dia seguinte, o protagonista avista a filha do coronel com o material escolar perto de onde vive, e ela vendo que ele ainda quer a mochila, o leva até algumas pedras perto mar para brincar. O que era para ser diversão acaba virando tragédia, com a pequena caindo e batendo a cabeça. O mar, antes apto a fazer os olhos brilharem, agora faz chorar.


O homem tenta reanimar a garota, mas ela já está morta. Ele é surpreendido quando os familiares da menina chegam até ele e ao verem com elas nos braços, o acusam de tê-la matado. A partir daí a vida do personagem se transforma por completo.


O pai acaba indo para a prisão e experimenta o pior dos pesadelos ao viver sobre o estigma de assassino de uma criança, sendo torturado noite e dia pelos companheiros de cela, os quais o veem apenas como um “maluco”. Aos poucos, Memo conquista um a um dos detentos e eles passam a desconfiar da vericidade da acusação que ele sofre envolvendo a criança morta. Este é um fator decisivo para a grande reviravolta do final do filme ser possível.


O destaque do longa definitivamente vai para o ator Aras Bulut, que consegue realmente emocionar com a personalidade inconfundível de Memo: terna, mesmo nos momentos mais tristes, principalmente aqueles envolvendo o preconceito por conta da sua deficiência. Já o ponto negativo do filme vai para sua narrativa um pouco truncada. Algumas vezes dá a impressão de que o longa demora demasiadamente mais em determinadas cenas, e aquela sensação nada agradável de enrolação se torna inevitável.


Uma outra pedra no sapato é a atuação de alguns personagens. Destaque para a desenvoltura de Nisa Sofiya no papel de Ova: não convence e parece forçada em momentos. No final das contas, “Milagre na Cela 7” é um filme, que mesmo em meio aos percalços, acerta muito bem no seu principal objetivo: deixar o coração quentinho, sem abrir mão de provocar reflexões. A produção é uma ótima pedida para quem deseja sair um pouco da enxurrada de filmes norte-americanos, os quais estão por todos os lados do cinema.


Nota: 3,5/5


Confira o trailer de "Milagre na Cela 7":


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